Consumo e Pensamento


Lixo Zero: Dia 19 – Retrofitting, ou “De volta para o Futuro”

Posted in lixo zero por pjresende em agosto 22, 2010
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Até o final dessa semana, trataremos de algumas tecnologias que, segundo estudos e propostas, colaboram não só para a redução do problema dos resíduos, mas também para a sustentabilidade do planeta. A primeira a ser discutida será o retrofitting, consjunto de técnicas construtivas muito comum nos Estados Unidos e na Europa, mas pouco aplicada em nosso país.

Por que um projeto sobre lixo vem propor a discussão do setor de construção civil? A resposta é simples: pelo volume que esse tipo de resíduo apresenta hoje. Segundo o site EcoDebate, no Rio de Janeiro por exemplo, cerca de 60% do total dos resíduos sólidos são provenientes da construção civil. No mesmo artigo, que estabelece uma relação entre o acúmulo de entulhos e a incidência de dengue no estado, afirma-se que é urgente e necessária a adoção de processos efetivos de reciclagem do entulho da construção civil. O assunto diz respeito à construção civil, ao ecossistema do lixo, à saúde pública etc.

Mas qual é a origem dos entulhos na construção civil? Podemos indicar três:

– material não-conforme;

– sobras de obra; e

– demolição de edificações antigas para a construção de novas.

É exatamente para minimizar essa última fonte de entulhos que se aplicam as técnicas de retrofitting. O termo abrange a aplicação de diferentes técnicas com o objetivo de resultar em uma maior eficiência na edificação, seja ela energética, ambiental, hidráulica etc. Tais técnicas podem ser aplicadas tanto em construções em pleno uso quanto em edificações abandonadas ou, no momento, impróprias para o uso adequado.

É aí que chegamos ao denominador comum entre o retrofitting e a redução dos resíduos: e se aplicarmos essas técnicas com vistas ao aproveitamento de fundações, pilares e outras instalações já existentes, ao invés de simplesmente “colocar abaixo” uma construção antiga para a elevação de uma nova?

A discussão tem ampla adesão em outros países porque um dos campos nos quais o retrofitting se aprofundou bastante foi na recuperação de edificações avariadas por terremotos e outras catástrofes naturais. Mas outra área de pesquisa pode ser muito útil na discussão do lixo: o retrofitting associado a projetos sustentáveis. Essas técnicas podem ser utilizadas com o objetivo de promover, por exemplo, a adaptação de estruturas para a implementação da coleta seletiva.

Se formos considerar um outro caso possível, o do recondicionamento de uma construção existente, o benefício é ainda maior. Imagine que você possa aproveitar boa parte de uma edificação de quatro pavimentos, já existente, para a construção de seis novos pavimentos com plena utilização do que já está construído? Imagine quantas toneladas de aço, tijolos, concreto e outros elementos serão economizados com isso!

Esse é um ponto central: mesmo sabendo que esse tipo de projeto é um ótimo candidato a promover a sustentabilidade ambiental, o aproveitamento da construção existente faz bem ao bolso! Sobre essa questão, o site Licita Mais afirma: O custo de uma reabilitação por retrofit é baixo, comparado ao de uma edificação nova. A modalidade gera uma economia mínima de 40% no valor do metro quadrado de construção, na comparação com o custo do metro quadrado de um projeto “zero quilômetro”. O prazo de execução também é menor nos projetos de retrofit, cerca da metade de uma obra nova.

Para quem quiser voar um pouco mais alto, ter uma visão panorâmica da questão, recomendo um artigo da Scientific America que trata de um ambicioso projeto de retrofitting voltado para o corte de emissões de gases poluentes na cidade de Nova York. A solução para isso? Retrofitting.

Essa pode ser a melhor forma de viajar “de volta para o futuro”: se você vivia numa edificação “moderna” há 30 anos, o retrofitting pode restituir essa condição.

Dica do dia:

O retrofitting abrange desde os projetos ambiciosos até coisas simples, como a atualização dos sistemas de controle de elevadores e de iluminação condominial. Leia a respeito e veja o que pode ser útil para você. Envolva o seu síndico ou vizinhos na discussão.

Lixo gerado:

Papel: cerca de 100g.

Plásticos: 3 sacolas.

Outros: areia de gato – cerca de 300g; embalagem tetrapak de leite – 1; lata de cerveja – 1; pote de iogurte – 1.

Lixo Zero: Dias 18 – Resíduos e Agua

Posted in lixo zero por pjresende em agosto 20, 2010
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A discussão das estruturas para a disposição de resíduos não seria completa sem que tratássemos também do sistema de coleta, tratamento e disposição de resíduo por meio líquido. Arede de canalização é a forma de disposição de resíduos líquidos e de alguns tipos de sólidos, especialmente originado de cozinhas e banheiros. Além desses resíduos domésticos, temos uma série de produtos químicos que, teoricamente, são neutralizados pelas empresas geradoras antes de serem lançados na natureza.

“Teoricamente são neutralizados” porque as informações não comprovam a teoria. Segundo informações publicadas no site De Olho nos Mananciais, mais de 50% da população não conta com redes para coleta de esgotos e 80% dos resíduos gerados são lançados diretamente nos rios, sem nenhum tipo de tratamento. Essa parte não-neutralizada contamina o ambiente com bactérias e outros microorganismos que podem ser nocivos para o homem. Além disso, há produtos químicos – como produtos de limpeza, remédios que passaram da validade – e o óleo de cozinha, que é uma ameaça às tubulações residenciais.

Normalmente, os elementos dessa estrutura de tratamento são:

sistema de coleta de esgoto: é a rede de tubulações e de reservatórios responsáveis pela coleta de esgotos, normalmente sendo domésticos, pluvial e industrial. Todo esse sistema funciona com base na gravidade, por meio da qual os esgotos se deslocam até os coletores-tronco que levam os resíduos até as estações de tratamento de esgotos. Quando necessário, pode haver estações elevatórias, responsáveis pelo bombeamento do esgoto em locais onde a gravidade não é suficiente.

estações de tratamento de esgoto: as estações de tratamento promovem a neutralização desses resíduos e a filtragem, que resulta na obtenção de uma materia orgânica fértil. Esse material pode ser utilizado na agricultura ou, dependendo da sua composição, ser agregado nos insumos de olarias e fábricas de tijolos.

emissario submarino: o emissário submarino é uma alternativa para a disposição de esgotos no meio marinho. Antes do efetivo lançamento no mar, os esgotos passam por estações de pré-condicionamento onde passam por um gradeamento, peneiramento para remoção dos sólidos e por cloração. Segundo o site da CETESB, os possíveis impactos ambientais no mar são: acúmulo de matéria orgânica; excesso de nutrientes (eutrofização); sólidos em suspensão; diminuição da transparência; efeito visual ruim; e possibilidade de contaminação por microorganismos.

Além dessas estruturas, há diversas outras técnicas que atendem às necessidades de coleta, tratamento e disposição dos esgotos. Muitas delas são destinadas, por exemplo, para o atendimento de regiões pobres ou isoladas, enquanto outras podem ser implementadas para o tratamento dos esgotos das grandes cidades urbanas. Diversas tecnologias com esse fim podem ser conhecidas no site do PROSAB, o Programa de Pesquisa em Saneamento Básico, promovido pela Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP. Outra instituição pública, o BNDES, também tem formas de financiamento voltadas para o saneamento ambiental e os recursos hídricos.

Dica do dia:

Verifique como é feita a disposição dos esgotos na sua cidade. Qualquer irregularidade pode ameaçar a sua saúde e de toda a população.

Lixo gerado:

Papel: cerca de 100g.

Plásticos: 3 sacolas.

Outros: areia de gato – cerca de 300g.

Lixo Zero: Dia 17 – O Ciclo da Vida

Posted in lixo zero por pjresende em agosto 19, 2010
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A forma mais próxima da natural para se tratar o lixo orgânico gerado por nós é por meio da compostagem. O que é uma unidade de compostagem? Nada mais do que a reprodução, em condições controladas, do popular ciclo da vida. O raciocínio é simples, aquele mesmo que aprendemos no ensino fundamental: animais se alimentam de animais e plantas. Os restos mortais e os dejetos são decompostos pela ação de outros seres, e assim sucessivamente até que seus restos e rejeitos vão se depositar na terra, fornecendo materia fértil que será absorvida pelas plantas até que… as plantas serão consumidas por animais, que vão ser consumidos por outros animais e por aí vai…

A unidade de compostagem viabiliza a reprodução da parte final da cadeia de alimentação, utilizando para isso agentes de processamento – minhocas, microorganismos, insetos diversos etc. Após um período especificado em semanas, aquele material se transforma em adubo rico em nutrientes, que pode ser utilizado em jardins ou na produção agrícola.

A técnica tem suas limitações – por exemplo, o fato de só servir para o tratamento do lixo orgânico, mas pode ser conciliada com outros aparelhos e sistemas de tratamento do lixo – coleta seletiva, por exemplo. No entanto, as unidades de compostagem são de fácil instalação, causam poucos impactos ambientais e a sua implantação em sistema de rodízio – diversos reservatórios com diferentes datas de processamento – garantirá o fornecimento contínuo do adubo.

Ainda que a compostagem possa ser realizada em casa, vamos aqui adotar uma perspectiva mais ampla, massificada, adequada à realidade das nossas cidades: vamos tomar como referência as estimativas contidas em materia publicada pelo site HSM: Os resíduos oriundos de restaurantes industriais geram 0,5 kg de restos de alimentos ao dia/pessoa, em média, se considerados os restos de pré-preparo, as sobras limpas (alimentos não consumidos) e as sobras no prato. O destino habitual desses restos, como cascas de frutas, legumes, saladas, caroços, restos de preparação de carne, peixe e frango, ossos, pó de café, casca de ovo etc, é o saco de lixo encaminhado ao aterro sanitário ou aos lixões sem controle. Ainda segundo dados da mesma materia, cada 2,4 toneladas de lixo orgânico podem gerar 1 tonelada do composto utilizado como adubo.

Se você tem interesse em fazer a compostagem em casa, pode utilizar a receita divulgada pelo Centro de Divulgação Científica e Cultural.

Já estamos discutindo a penúltima das estruturas de disposição do lixo que pretendo abordar nesse projeto, e aqui chegamos a um ponto crítico: não devemos pensar em qual delas é a melhor ou a pior, pois nenhuma delas permite o pleno tratamento dos resíduos. A questão exige planejamento: trata-se de conciliar as diferentes opções de modo a criar um sistema de destinação de resíduos eficiente e com o menor impacto possível na vida dos cidadãos.

Quem quiser saber mais sobre a compostagem pode também visitar o site do Centro de Informática de Ribeirão Preto.

Dica do dia:

Quanto mais natural, melhor. Sempre que possível, segregue e dê a destinação adequada ao lixo orgânico.

Lixo gerado:

Papel: cerca de 100g.

Plásticos: 3 sacolas.

Outros: areia de gato – cerca de 300g.

Lixo Zero: Dia 16 – Incineradores são solução ou um novo problema?

Posted in lixo zero por pjresende em agosto 18, 2010
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O post desse 16 de agosto nos lança diretamente no olho de um furacão: a polêmica em torno do uso dos incineradores para a queima do lixo urbano. As usinas incineradoras são estruturas criadas especialmente para a queima do lixo. Embora essa alternativa já tenha a sua aplicação no caso de tipos de materiais muito específicos, ainda não é usual dar o mesmo destino para o lixo comum.

A construção de usinas de incineração tem duas grandes vantagens: uma delas é a redução do espaço necessário para a contenção de lixo – uma vez que a cidade passa a fazer a disposição final apenas do resultado da queima, que são basicamente cinzas e agua – e a possibilidade de aproveitamento dessa queima para a geração de energia elétrica. Especificamente para as industrias cimenteiras, surge uma terceira vantagem: essas organizações podem promover a co-incineração – ou seja, queimar o lixo junto a outros materiais, vender a energia elétrica gerada, empregar as cinzas resultantes no seu produto e, o mais surpreendente, podem ser remuneradas para esse fim, em acordos firmados com prefeituras e outras instituições públicas e privadas – digo que é surpreendente porque assim a empresa é paga para produzir cinzas que serão agregadas no produto que será posteriormente vendido, o que pode ser resumido na paradoxal frase: são pagas para ganharem dinheiro.

Mas…

Até o presente momento, essas seriam as únicas vantagens da adoção desses sistema de tratamento do lixo. Quanto aos “contras”, há uma série de argumentos enumerados nas mais diversas fontes. Vamos ver algumas delas, para que todos entendam a gravidade da questão:

1) Incineradores emitem poluentes para a atmosfera: além dos resíduos citados anteriormente, a incineração emite para a atmosfera uma série de substâncias. Segundo matéria publicada no portal G1, a incineração libera substâncias tóxicas, tais como partículas, metais pesados, dioxinas, líquidos inflamáveis e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos. Qual o resultado disso? O aumento da incidência de casos de diversos tipos de câncer.

2) Incineradores apresentam um alto custo de instalação e manutenção: por conta do inevitável conjunto de medidas necessários para garantir a segurança da instalação, incluindo a utilização de diversos filtros especiais, os incineradores apresentam um alto custo de manutenção. Os defensores desse sistema divulgam que se trata de uma alternativa mais barata do que as outras opções de disposição final do lixo, mas tal afirmativa só é parcialmente verdadeira se for considerada a venda da energia elétrica gerada durante a combustão. Ou se as incineradoras não cumprirem as obrigações legais. Recentemente, um incinerador foi interditado em Itaperuna por fazer a queima de material hospitalar em uma estrutura que parecia uma churrasqueira a céu aberto, tal como publicado na jornal Folha de Italva.

3) Incineradores são uma “solução preguiçosa” para a questão do lixo: os altos investimentos na instalação de usinas de incineração acabam por minimizar o interesse público no investimento nas outras soluções para a questão – como a coleta seletiva, a compostagem e as campanhas de redução do desperdício e consumo consciente. A razão é óbvia, pois essas alternativas reduziriam o volume a ser posteriormente incinerado. Esse alerta já foi feito em 2002, pelo Greenpeace.

4) A destinação do lixo para incineração compromete a ocupação de atores do ecossistema do lixo: para que o lixo esteja em condições para a queima, este deve ter materiais como papel e plástico, que hoje já estão inseridos em outras cadeias destinadas à reciclagem desses materiais. Ainda que haja um argumento, de que a queima só se dê nos casos de papeis e plástico inservíveis para a reciclage, não há dados disponíveis no momento para evidenciar se o volume atual seria suficiente para a incineração. Uma política de estímulo à incineração significa uma ameaça aos catadores. O Movimento dos Catadores de Materiais Recicláveis, em correspondência enviada ao Presidente da República,  afirma:  O não reaproveitamento dos resíduos sólidos significa inviabilizar toda uma cadeia produtiva que emprega milhares de pessoas e que ainda tem um grande potencial de crescimento. A exemplo da experiência nos EUA, enquanto um incinerador emprega um posto de trabalho, a mesma quantidade de dinheiro investida na reciclagem emprega 646 trabalhadores. A queima de resíduos significa, portanto, dar as costas a quem precisa de trabalho.

5) Incineradores são uma solução falaciosa para a questão do lixo: sim, a “solução por meio da incineração” é uma falácia, pois não resolve a questão do lixo. Países tidos como exemplos representativos dessa forma de tratamento já tiveram cargas irregulares exportadas – ilegalmente – para o Brasil. O que era a carga? LIXO, inclusive lixo domiciliar – teoricamente, elegível para a incineração. Quais países? Até agora, Estados UnidosInglaterra e Alemanha, mas em 2006 a União Europeia demandou a viabilização de exportação de pneus para o Brasil.

Há pouco tempo, foi noticiada a instalação do primeiro incinerador de lixo doméstico no estado de São Paulo. Será que os benefícios vão superar os prejuízos potenciais?

Mais um detalhe: a presença de incineradores no Brasil não é recente, nem mesmo novidade. No site ReciclagemLixo, há um interessante histórico de incineradores instalados no Brasil. E quem quiser aprender mais um pouco pode acessar outro texto, também esxcelente sobre o assunto, no Brasilianas.

Dica do dia:

Solicite ao poder público que realize audiências públicas quando houver projetos de instalação de usinas de incineração na sua cidade. Exija a apresentação de dados sobre o projeto e sobre o inventário de emissões estimadas para o projeto.

Lixo gerado:

Papel: cerca de 50g.

Plásticos: 3 sacolas.

Outros: areia de gato – cerca de 300g.

LIXO ZERO: Dia 15 – Aterros e Lixões

Posted in consumo sustentável,lixo zero por pjresende em agosto 17, 2010
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A semana começa com a discussão das estruturas públicas e privadas de destinação dos resíduos. Na semana passada, abordamos aqui os atores do ecossistema do lixo e agora falaremos sobre as utilidades envolvidas.

A primeira delas é a forma mais elementar de se tratar o lixo: por meio de lixões e aterros. Apesar de um deles estar com os seus dias contados – vide PNRS, que que exige a elaboraçãode políticas Nacional e Estadual com metas para a eliminação e recuperação de lixões,  ambos podem ser considerados como as formas mais elementares de disposição do lixo – aliás: pior do que eles, temos o lançamento de lixo pelas ruas da cidade, como alguns cidadãos ainda insistem em fazer.

O lixão é uma área na qual o lixo passou a ser despejado. Sua criação hoje é proibida, mas ainda convivemos com centenas deles. Segundo reportagem do jornal O Globo, nossa capital federal Brasilia ainda utiliza um lixão, embora já tenha iniciado processo de licitação para a construção de aterro sanitário. Os lixões foram trazidos para o centro das discussões sobre a disposição do lixo nesse ano, por conta da tragédia dos morros do Bumba e do Céu, em Niterói (RJ). Sobre esse tema, publiquei diversos posts no blog Outros Pensamentos, inclusive um que narrava a minha visita ao morro do Bumba e a algumas familias de desabrigados da tragedia. A foto que ilustra esse post retrata as atividades de busca por sobreviventes no morro do Bumba.

Já o aterro sanitário é uma área preparada para receber o lixo. O local é escolhido de modo a não causar impactos ambientais que resultem em riscos à população; o seu terreno é impermeabilizado e atende a uma série de regulamentações ambientais e sanitárias. O lixo é coberto diariamente com camadas de terra e tem sua vida útil calculada em torno de 20 anos.

Apesar de simples, não devemos subestimar a eficiência do aterro sanitário no tratamento do lixo. Esta é a forma de tratamento que, se bem gerida, oferece menos riscos potenciais à população. Além disso, uma política séria de tratamento dos resíduos da cidade pode implementar projetos de coleta seletiva, o que reduz a quantidade final de lixo depositado e assim aumenta  vida útil dos aterros.

Além dos tipos aqui citados, há referências a outros dois tipos de estruturas de lixo semelhantes: o depósito de lixo, que é um crime ambiental, pois se trata de um lixão sem autorização de instalação, utilizado clandestinamente; e o aterro controlado, que é algo como um intermediário entre o lixão e o aterro sanitário. Há uma explicação detalhada de lixão, aterro controlado e aterro sanitário no site Lixo.

Dica do dia:

Se a sua cidade ainda convive com os lixões, exija da Prefeitura e do governo do Estado a sua desativação.

Lixo gerado:

Papel: cerca de 100g.

Plásticos: 3 sacolas.

Outros: areia de gato – cerca de 300g.

Lixo Zero: Dia 14 – A Parcela do Governo

Posted in consumo sustentável,lixo zero por pjresende em agosto 16, 2010
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Para encerrar a discussão sobre atores do ecossistema do lixo, vamos agora tratar daquele que talvez tenha participação mais relevante no processo: o setor público.

A recente publicação da Lei 12.305/10, a Política Nacional de Resíduos Sólidos – ou PNRS, revisou algumas das atribuições do Estado em relação ao lixo. Quais são essas atribuições, a partir de agora? O post de hoje se dedica exclusivamente a essa pesquisa.

A PNRS tramitou durante praticamente 20 anos, e nesse processo se transformou em um grande documento que determinaa, entre outras coisas, a responsabilidade compartilhada para lidar com o lixo. As três esferas de governo – municipal, estadual e federal – estão envolvidas na discussão, assim como o setor privado e o cidadão.

Com a nova lei, passam a ser responsabilidades do município:

– manter, em conjunto com os Estados e o Governo Federal, o Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (art. 12);

– a elaboração do Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, condição para o Distrito Federal e os Municípios terem acesso a recursos da União, ou por ela controlados, destinados a empreendimentos e serviços relacionados à limpeza urbana e ao manejo de resíduos sólidos, ou para serem beneficiados por incentivos ou financiamentos de entidades federais de crédito ou fomento para tal finalidade (arts. 14 e 18);

– instituir incentivos econômicos aos consumidores que participam do sistema de coleta seletiva, na forma da lei (art. 33);

– colaborar com as demais instâncias do governo na implantação do Cadastro Nacional de Operadores de Resíduos Sólidos (art. 38);

instituir normas com o objetivo de conceder incentivos fiscais, financeiros ou creditícios na sua esfera (art. 44)

O Estado passa a ter como atribuições:

promover a integração da organização, do planejamento e da execução das funções públicas de interesse comum relacionadas à gestão dos resíduos sólidos nas regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões; controlar e fiscalizar as atividades dos geradores sujeitas a licenciamento ambiental pelo órgão estadual do Sistema Nacional do Meio Ambiente (art. 11);

– manter, em conjunto com os Municípios e o Governo Federal, o Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (art. 12);

– a elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos, condição para os Estados terem acesso a recursos da União, ou por ela controlados, destinados a empreendimentos e serviços relacionados à gestão de resíduos sólidos, ou para serem beneficiados por incentivos ou financiamentos de entidades federais de crédito ou fomento para tal finalidade. (arts. 14 e 16);

elaborar planos microrregionais de resíduos sólidos, bem como planos específicos direcionados às regiões metropolitanas ou às aglomerações urbanas (art. 17)

– colaborar com as demais instâncias do governo na implantação do Cadastro Nacional de Operadores de Resíduos Sólidos (art. 38);

instituir normas com o objetivo de conceder incentivos fiscais, financeiros ou creditícios na sua esfera (art. 44)


E por fim, temos a esfera federal, que tem como atribuições:

– manter, em conjunto com os Municípios e os Estados, o Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (art. 12);

– a elaboração do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente, com vigência por prazo indeterminado e horizonte de 20 (vinte) anos, a ser atualizado a cada 4 (quatro) anos (art. 15);

– colaborar com as demais instâncias do governo na implantação do Cadastro Nacional de Operadores de Resíduos Sólidos (art. 38);

estruturar e manter instrumentos e atividades voltados para promover a descontaminação de áreas órfãs (art. 41);

instituir normas com o objetivo de conceder incentivos fiscais, financeiros ou creditícios na sua esfera (art. 44).

Além das atribuições citadas, o artigo 2º determina:  aplicam-se aos resíduos sólidos, além do disposto nesta Lei, nas Leis nos 11.445, de 5 de janeiro de 2007, 9.974, de 6 de junho de 2000, e 9.966, de 28 de abril de 2000, as normas estabelecidas pelos órgãos do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa) e do Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Sinmetro).

Para ver uma outra boa análise dos papeis e atribuições previstos na lei, visite também o site da AgSolve.

Certamente, a PNRS vem para auxiliar abusca por um mundo mais sustentável. Na realidade, ela institui uma série de outras responsabilidades, em alguns casos compartilhadas com pessoas físicas e jurídicas.  Outro ponto muito relevante nela é o estímulo à participação pública, em audiências e de outras formas, para fazer com que as ações e políticas sejam construídas com ampla discussão popular.

Agora, é torcer e ver para crer.

Dica do Dia:

Leia a Polítca Nacional de Resíduos Sólidos. Peça ao seu Prefeito e ao seu Governador que elaborem seus planos. Participe das audiências públicas relativas ao tema.

Lixo gerado:

Papel: cerca de 150g.

Plásticos: 5 sacolas.

Outros: areia de gato – cerca de 500g; caroços de fruta – 3.

Lixo Zero: Dia 13 – Um outro mundo é possível

Posted in lixo zero por pjresende em agosto 15, 2010
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O título de hoje é uma clara referência ao Fórum Social Mundial, evento que nasceu da necessidade de diversos grupos se manitefestarem em favor de um mundo mais justo e mais igualitário. O fórum é um dos eventos mais representativos do Terceiro Setor, que também tem participação relevante no ecossistema do lixo.

O terceiro setor se insere na discussão de muitas formas. Uma delas é a promoção do desenvolvimento humano dos atores do ecossistema do lixo, especialmente aqueles que se encontram em situação menos favorecida. As organizações do terceiro setor agem para alcançarem objetivos específicos, como reduzir a indicência de doenças nessa população, realizar cursos de capacitação, combater a violência ou fornecer outras coisas das quais necessitem, desde cestas básicas até casas construídas em mutirão. Até mesmo as instituições científicas participam dessa discussão. A Universidade Federal de Juiz de Fora, por exemplo, é partícipe em um projeto que prevê a discussão com catadores de questões como saúde e combate à discriminação social contra a categoria, segundo o site Acessa.

Outra forma do terceiro setor agir é propor novas condutas para a sociedade. Esse conjunto de ações traz a questão do lixo para um universo mais amplo, pois envolve questões relacionadas à Educação, Saúde, Desenvolvimento Econômico e outros campos de discussão. As campanhas em torno do 3R´s – Reduzir, Reutilizar e Reciclar propõem basicamente uma mudança de mentalidade. Essa nova relação com o lixo passa pela sensibilização e mobilização do grande púbico, como ocorre em passeatas e outros atos públicos, pela promoção de palestras e ciclos de debates, por atividades educacionai e de produção artesanal , como aquelas que temos nas oficinas de reciclagem e de muitas outras formas. Sobre as oficinas de reciclagem, vale a pena acessar o site do Projeto APOEMA, onde você confere um roteiro para promover oficinas de reciclagem em escolas.

Ainda há uma outra forma de agir frequentemente empregada pelo terceiro setor: a mobilização da sociedadade, dos governos ou da iniciativa privada para causar mudanças profundas por meio da criação de leis, divulgação de códigos de conduta ou outros atos formais. São exemplos de códigos de conduta, que no mundo das empresas estão expressos nas políticas de governança corporativa ou em declarações em separado. Existem os princípios que servem como diretriz para todos os seus signatários, como o Principles for Responsible Investment, apoiado pela ONU. Outra iniciativa, do Instituto ETHOS, é a Rede Empresarial pela Sustentabilidade. Ambos os casos tratam de temas muito mais amplos, mas abrangem a questão do consumo responsável – e por isso impactam a discussão do lixo.

Dica do Dia:

Ajude a construir um outro mundo possível. Procure as instituições do terceiro setor que tratam da questão da sustentabilidade ambiental e do lixo.

Lixo gerado:

Papel: cerca de 200g.

Plásticos: 2 sacolas, 4 embalagens pequenas.

Outros: areia de gato – cerca de 300g.

Lixo Zero: Dia 12 – Logistica Reversa, Expectativas, Investimentos, Prêmios e Consumo

Posted in lixo zero por pjresende em agosto 13, 2010
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Muitas vezes, a cadeia de reaproveitamento do lixo apresenta imperfeições. Por exemplo: como unir elementos tão distintos quanto um catador e uma siderúrgica? É nesse contexto que entram em campo os integradores de cadeia, organizações que se dedicam a unir as partes no complexo ecossistema do lixo.

Integradores consolidam diversas fontes de resíduos. Sua participação na cadeia pode abranger atividades como:
– coleta de material suficiente para gerar lotes em escala industrial;
– promover o armazenamento e transporte do material até o seu destino;
– limpeza e pré-processamento desses materiais;
– outras atividades de beneficiamento, conforme a demanda do seu cliente final.

Há uma grande expectativa em torno da Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei 12.035/10, pois esta determina a obrigatoriedade da estruturação de cadeias de logística reversa para os seguintes setores:
– agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos cuja embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso;
– pilhas e baterias;
– pneus;
– óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;
– lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista;
– produtos eletroeletrônicos e seus componentes.

Mais informações específicas sobre a questão da logística reversa podem ser obtidas num excelente post publicado no blog do Boris Hermanson.

Independente da obrigatoriedade estar prevista ou não, as empresas tem muito a lucrar com a logística reversa. Em outros posts, já havia citado como vantagens a contribuição para a sustentabilidade ambiental e os benefícios econômicos. Em artigo publicado no site Administradores, afirma-se que há ainda uma outra vantagem: o fortalecimento da marca da empresa, que ocorre ao implementar um projeto que respeita o meio ambiente e busca um resultado sustentável.

Vamos lembrar uma coisa muito importante: a participação do governo é fundamental nesse processo. Não basta somente publicar uma lei e depois multar quem não a cumprir. O governo tem o dever também de promover um estímulo à adesão da iniciativa privada. Nesse sentido, as políticas públicas são um forte aliado, pois podem viabilizar, por exemplo, a disponibilização de linhas de crédito para empresas ambientalmente responsáveis, a possibilidade da obtenção de incentivos fiscais ou mesmo ações alternativas, como a premiação de casos de sucesso de empresas que implementaram bons projetos de logística reversa.

Em relação aos recursos financeiros, o governo federal prometeu investir R$ 1,5 bilhão em projetos de tratamento de resíduos sólidos, na substituição de lixões e implantação da coleta seletiva e no financiamento de cooperativas de catadores, segundo informações  da Agência Brasil publicadas na Revista Sustentabilidade.

Em relação aos prêmios, a lista é enorme. Usem o Google e vão encontrar algumas dezenas deles, voltados a pessoas físicas, ONGs, empresas, iniciativas governamentais…  Para quem não não acredita no poder desse tipo de ação, vale lembrar que tais reconhecimentos servem como um ótimo instrumento de marketing, especialmente para o setor privado. E a maioria dos prêmios é de inscrição gratuita. Ou seja: na pior das hipóteses, você participa sem ter prejuízo algum.

Por fim, é sempre bom lembrar: o consumidor também é parte importante nessa discussão. Suas empresas preferidas tem projetos de logística reversa? O seu supermercado, o seu banco, sua loja de roupas preferida e as outras lojas que você frequenta colaboram para um mundo sustentável? Se não fazem isso ainda, talvez caiba a você sugerir. Não podemos apenas assistir, porque o prejuízo é de todos.

Dica do Dia:
Exija que os seus fabricantes preferidos implementem projetos de logística reversa ou colaborem para a reciclagem dos resíduos de seus respectivos produtos.

Lixo gerado:

Papel: cerca de 50g

Plásticos: 2 sacolas, saco de talheres

Outros: areia de gato – cerca de 300g.

Lixo Zero: Dia 11 – Industrias do Recomeço

Posted in lixo zero por pjresende em agosto 12, 2010
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Avançando ainda mais na análise dos elos do ecossistema do lixo, chegamos agora às industrias da reciclagem. São industrias que tratam do processamento, beneficiamento e reintrodução do lixo na cadeia produtiva. Eventualmente, podem negociar com catadores e outros elos, ou podem ainda manter contratos permanentes com parceiros que asseguram volumes razoavelmente constantes de material.

Os segmentos mais conhecidos são os de reciclagem de papel e de alumínio. A cadeia do papel tem duas origens possíveis do material: as industrias que o utilizam em embalagens ou em seus processos produtivos, ou num momento pós-consumo, quando o material geralmente é recolhido por catadores. A reciclagem do papel se dá em um processo muito semelhante à fabricação do papel “virgem”. Os impactos são significativos, especialmente no que tange à redução no consumo de energia, agua e na redução da necessidade de corte de árvores. Para ver os benefícios em números, convido vocês a visitarem o post do dia 2, Passagens e Papéis.

Já a reciclagem do alumínio no Brasil é um caso de sucesso mundial. O país, em 2003, reciclava 89% do alumínio produzido. As campanhas de promoção da reciclagem envolveram a população, associações industriais, ONG´s e os governos. O motivo para tanta comoção não era só ecológico, mas fundamentalmente econômico: segundo dados do Ambiente Brasil, a cada quilo de alumínio reciclado, poupam-se cinco quilos de bauxita (minério de onde se produz o alumínio)  e temos também uma economia de 95% de energia elétrica.

Outras cadeias estão em um franco processo de estruturação: a cadeia da reciclagem de pneus – não podemos confundir com recondicionamento – processa o material que não serve mais para os automóveis e promove a sua transformação. Segundo o site Reciclagem Lixo, com os pneus podemos obter insumos para a produção de borracha, negro de fumo, aço, tecido de nylon, óxido de zinco, enxofre e aditivos.

A cadeia da reciclagem do plástico, por sua vez, ainda é pouco desenvolvida no Brasil. Estimativas diversas afirmam que o Brasil recicla entre 5 e 20% da produção total desse tipo de material. Além de compartilhar do mesmo problema dos outros materiais – a mistura com outros tipos de lixo, a reciclagem do plástico apresenta ainda outra complexidade que é a variedade de composição que os plásticos apresentam, sendo até o momento impossível simplesmente junta-los para a produção de novos materiais. No entanto, recentemente foi publicada uma materia no site New Scientist sobre o desenvolvimento de uma técnica de reciclagem de plásticos misturados, cujo produto pode ser utilizado em tintas, lubrificantes e pneus, ou incorporado em baterias de íon-lítio.

Há ainda outros segmentos como, por exemplo, a reciclagem de embalagens tetrapak, que em 2008 abrangeram 26,6% do total produzido, segundo informações da Revista Época.

Qual a mensagem final do post? Mais uma vez: separe o lixo e saiba como encaminhar o seu resíduo para agentes que possam promover a reciclagem. O mundo ganha com a sua atitude.

Dica do dia:

Colabore com a consolidação das cadeias de reciclagem de materiais. Procure informações sobre pontos de coleta especializados.

Lixo gerado:

Papel: cerca de 80g

Plásticos: 2 sacolas

Outros: areia de gato – cerca de 300g; caroço de fruta – cerca de 30g.

Lixo Zero: Dia 10 – Esforços associados

Posted in consumo sustentável,lixo zero por pjresende em agosto 11, 2010
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Ontem, tratamos do universo dos catadores de papel, responsáveis por um trabalho silencioso e autônomo pela sobrevivência. Hoje, trataremos das associações de catadores, um elo que deve também ser considerado na discussão da sustentabilidade.

Qual a grande diferença entre um catador autônomo e uma associado? A principal é que as associações pretendem assegurar outras formas de apoio aos quais um indivíduo normalmente não tem acesso. Um dos exemplos é a Associação Vira-Lata, que insere o catador em ações de inclusão social e sustentabilidade.

O fato é que as associações são um segundo elo, mais forte e perene, na cadeia dos resíduos. Uma vez reunidos, os catadores passam a exercer um maior poder de demandar ações que viabilizem a sua atuação. Passam a poder, por exemplo, propor ações conjuntas com  Prefeitura, ou captar apoiose patrocínios para o exercício de suas atividades e para a busca por oportunidades de desenvolvimento, como oficinas artísticas, cursos de informática e outras.

Há ainda uma outra vantagem na associação: ela pode tratar de volumes maiores de material coletado, o que permite o diálogo com industrias que se inserem na cadeia da reciclagem. É pena que as políticas públicas não acompanhem a tendência crescente de expansão desse tipo de relacionamento. Nesse sentido, o presidente Lula sancionou, no último dia 2 de agosto, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que ainda será regulamentada.  Espero que todos os elos da cadeia sejam adequadamente apoiados a partir de então.

Para quem estranhou as imagens que ilustram o post, aqui está um esclarecimento. As imagens fazem alusão ao pet, um material com diversos usos possíveis mas que ainda não tem uma cadeia de reciclagem consolidada no Brasil.

Dica do dia:

Colabore com as associações de catadores e outros profissionais da coleta do lixo. Procure se informar sobre oportunidades de fazer trabalho voluntário em favor desses trabalhadores e suas famílias.

Lixo gerado:

Papel: cerca de 100g

Plásticos: 3 sacolas

Outros: areia de gato – cerca de 300g; caroço de fruta – cerca de 30g.

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